Marcel Marceau
Ainda nao me acostumei com esse novo teclado, ja nao conseguia usar todos os acentos corretamente, pelo menos ele me poupa de alguns erros sempre cometidos. Eu sei que voce dira ser mais uma orquidea que roubei da sua colecao, mas essa, prometo, farei florescer todos os dias.
Certa vez voce me disse que os sentimentos eram coisinhas estranhas dentro de nos, e ainda afirmou com grande satisfacao que so por que a gente sentia nao queria dizer que eles existiam. No entanto o mimico da esquina nao precisou de meias palavras para contradizer sua nova teoria.
A luz vermelha do farol indica o comeco de todas as existencias. O sentimento movimenta todo o mundo de apenas dois olhos. Logo na frente ele exerga um obstaculo que ninguem ve, move a cabeca de um lado para outro procurando alguma passagem, as maos calculam a altura, o corpo caminha e para diversas vezes, ate que ele quebra aquilo que ninguem viu.
E todos os dias ele para no mesmo farol, esperando as mesmas reacoes e as mesmas poucas moedas, tudo isso para continuar afirmando que so e preciso sentir para existir. O preto e branco combinam com o romantismo que essa profissao emana , as poucas cores que sao necessarias para se montar um novo mundo. O muro que separa ilusao de sonho. A flor e a fragilidade da vida.
A oquidea continua na varanda, pegando pouco sol e chuva, as pessoas que passam na rua certamente nao conseguem ve-la, mas ela continua la, em algum lugar perto do para-peito... acho que nem mesmo voce, durante todos esses anos viu que a orquidea fora roubada da sua grande colecao de sentimentos. So por que te amo, nao quer dizer que seja verdade.
Livia Garcia